PRECIOSIDADE


Outro dia navegava pela internet e lia os blogs de minha preferência (os que estão indicados aqui ao lado direito, na seção "VALEM O CLIQUE", são realmente muito recomendáveis) e me dava conta de um fato interessantíssimo. É impressionante como esses sítios eletrônicos revolucionaram - ao menos na minha humilde opinião - a rede mundial de computadores e contribuem sobremaneira para o desenvolvimento da cultura, da arte, da literatura e, consequentemente, da escrita.

Há algum tempo atrás, a única forma de tornar nossos próprios textos acessíveis ao grande público seria por meio de publicações impressas, sejam elas livros, revistas, jornais e etc.

Não preciso ressaltar a dificuldade que tal aspecto impunha a qualquer indivíduo que tivesse o admirável desejo de compartilhar com os demais seus escritos. Regras e políticas editoriais particulares, acesso restrito a esses veículos e, acima de tudo, o custo imposto aos leitores que tinham de adquirir as publicações para que pudessem, assim, se deleitar com a leitura.

Hoje, graças ao blog, esse meio de comunicação fabuloso, vivemos uma época de farta e salutar democratização da publicação virtual. Com simples cliques e nenhuma complicação, qualquer pessoa pode criar sua página pessoal e deixar fluir sua criatividade, proporcionando momentos impagáveis de prazer e engrandecimento cultural aos seus leitores. E o melhor, tudo isso a um custo zero.

Digressões à parte, fiz esses breves comentários introdutórios para compartilhar com vocês, meus queridos leitores, um texto, sob o título de "Cantigas de um quase atropelo" (a genialidade já começa no título) que li no blog Pendura essa (visitem aqui). Impressionou-me a rítmica e a sensibilidade do autor. Mas deixarei que tirem suas próprias conclusões sobre essa bela obra abaixo reproduzida, com a devida autorização do Paulo Thiago, seu brilhante autor.

"Querida amiga, a grande avenida se estendia muito além dos meus passos, a luz baixa do sol incendiava os olhos e a cabeça seguia longe, um tanto letárgica pelo mormaço. O calor afetava o cerebelo e me doíam os ossos ao pisar o chão. Por onde andaria você? Me perguntava entre as muitas coisas que me queimavam o peito. Nunca mais tivera notícias desde aquele adeus chuvoso, muitos invernos atrás, numa esquina de idioma estrangeiro, para lá dos trópicos. De repente, num cruzamento, o sinal fechando, respondo instintivamente à buzina. O chamado era para mim e nosso era o carro. O velho guerreiro de estradas esquecidas, que compartilhamos naquele tempo transformado em mais-que-perfeito pelo sortilégio da memória. Sincronicidade, pensei sem pensar, já atravessando a rua em sua direção, sorriso de ponta a ponta. Mas estanquei com o assovio da freada brusca do outro carro que vinha apressado, animal japonês de todas as tecnologias, para ocupar o espaço vazio entre a calçada e o nosso velho jipe, parado na faixa do meio, preguiçoso. Foi por pouco, amiga. E, no fim, só o triz de um susto e a constatação de que não era, afinal, você ao volante. E, enquanto o japonês me xingava a desatenção, percebia: tampouco era o nosso velho carro. Nem sequer sincronicidade; apenas desejo e fantasia. O alguém que agora estava atrás do volante eu conhecera outro dia. Me dizia, assustada, cuidado! E eu concordava, constrangido. Certamente não valeria a pena ser atropelado pela saudade."

Até a próxima.
2 Responses
  1. ipaco Says:

    Salve, Felipe. Obrigado pela citação carinhosa. Grande abraço. Paulo Thiago


  2. Paulo, para mim foi um prazer.
    Ao por os olhos no seu texto tive a imediata vontade de divulgá-lo, tamanha a sua beleza.
    Grande Abraço.