AOS AMIGOS, COM CARINHO


Dificilmente eu poderia ter uma motivação maior e mais feliz do que escrever aos meus amigos em um dia reservado às homenagens que sempre serão diminutas, se comparadas à grandiosidade de suas existências.

Eu sempre disse que amigos são irmãos que a vida nos permitiu escolher. Algumas vezes temos a sorte e o prazer de termos esses irmãos-de-fé dentro de nossas próprias famílias. Mas, desculpem-me os conservadores, o sentido de família se amplia para além dos laços sanguíneos quando pensamos nos amigos verdadeiros, aqueles "de tantos caminhos e tantas jornadas", aqueles que dividem conosco nossa felicidade e sofrem junto na tristeza, aqueles que a simples presença voluntária faz com que o mundo se torne um lugar mais afável.

Outro dia, li, emocionadíssimo, um texto sobre mim em que meu querido amigo me definiu como "um irmão que a vida me deu". Considerando-se a perspicácia e a inteligência do sujeito, não tenho dúvidas de que ele saiba o quanto essas singelas 7 palavras, juntas, dessa forma, significaram para mim.

Pois é, "irmãos que a vida me deu". É a eles que atribuo o grande sentido da vida. Afinal, que lógica teria a incansável luta do dia-a-dia se não tivéssemos os amigos para compartilharmos nossas emoções e angústias? Sozinho, tudo perde o sentido. Acreditem, eu sei e como sei.

Falar sobre minha família quando penso em amizade chega a ser redundante. Tive a felicidade de ser agraciado por parentes fabulosos, passionais, chorões, amigos. À minha família, ficam minhas homenagem e gratidão por compartilharmos os momentos inesquecíveis em que temos o prazer de estarmos juntos.

Entretanto, por mais claros e gritantes que sejam os laços que me unem à minha família originária - sim, porque ao longo do caminho esse grupo foi aumentanto, com a entrada dos irmãos dados pela vida - não posso deixar de falar dos meus pais e irmã (sobre quem já lhes contei aqui), esses sujeitos fabulosos de quem tenho o orgulho de me tornar cada vez mais próximo, ainda que a distância.

Hoje fui agraciado com um e-mail do meu velho pai me descrevendo como "seu maior amigo". Foram curtas e pequenas frases que li e reli por entre as lágrimas que me umedeciam a visão.

São eles, meu grande pai, minha amada, passional, linda e saudosa maezinha e minha irmã, os meus primeiros e grandes amigos. Um abrigo certo, morada aconchegante, conforto no colo sempre receptivo e saudoso. Cenas inesquecíveis de olhares tenros e cúmplices. Mãos de afagos imensamente desejados em silêncio. Abraços que transformam a pior tempestade em calmaria. Refúgio do filho ainda receoso do desconhecido.

No ano passado, há quase um ano, no dia em que comemoro - cada vez com menos intensidade - a minha chegada ao mundo, caminhava a passos lentos pela rua em direção à minha casa. Não me apressava. Andava vagarosamente e me perguntava porque assim o fazia. Concluía que não tinha motivos para me apressar. Na minha casa me aguardavam os móveis, as paredes e meus livros. Lá estava ela, a solidão, impávida e aviltante, ansiosa pela minha chegada, para comigo compartilhar das suas angústias mais medonhas.

Giro a chave na fechadura e aí, exatamente aí, tenho a feliz surpresa de que na minha casa aguardava-me a minha irmã, que fizera uma viagem de Campos dos Goytacazes ao Rio de Janeiro apenas para me confortar com sua presença. Sobre a mesa, bolo, doces, salgadinhos, refrigerante e a mais espontânea decoração de festa de criança. Sobre as cadeiras repousavam máscaras do filme infantil Shrek. Nos momentos que se seguiram, voltei a ser criança e compartilhei, com a minha irmã, a festa de nossa amizade.

Mas, como eu dizia, esse texto, que por ora já se alonga demasiadamente - tarefa hercúlea escrever sobre meus queridos em breves linhas - é dedicado não apenas a alguns, mas a todos meus queridos, amados e verdadeiros amigos-irmãos.

A data de hoje é apenas uma simbologia, pois, em verdade, todos os dias deveriam ser dedicados a esses anjos que dão sentido às nossas vidas. Gostaria, meus queridos amigos, que ao final deste e de todos os dias, pudessem se sentir por mim abraçados e beijados - sem a babaquice do preconceito de que amigos não se beijam fraternalmente - numa demonstração sincera da vitalidade e da importância de nossas fundamentais amizades.

Uma pena não serem os meus braços longos o suficiente para, de uma só vez, acolher próximo de mim esses irmãos que têm comigo compartilhado o sentido da vida. Como não posso, agora, dar-lhes o afago tão merecido, ficam minhas singelas palavras e lembrança como uma forma de dedicar-lhes o que há em mim de mais puro e sincero: o amor fraternal.

Ao Xereca (o grande e primeiríssimo irmão dado pela vida; aquele com quem posso não estar junto nos acontecimentos, mas com quem sempre estarei nas consequências); ao Danilo (querido inesquecível irmão e "vice", segundo dizem); ao Titi (velho guerreiro, pai de uma linda princesinha, amigo de todas as horas, porque "aos amigos a vida, aos inimigos..."); ao Ray (com quem sempre discordo de tudo, menos do amor fraterno recíproco); ao Kexinho (um pequeno, porém enorme homem na sua grandiosidade; um vencedor); ao Romulo Macedo (amigo-irmão que nos seus singelos atos demonstra seu brilho; aquele que afasta a solidão e traz luz ao mundo por vezes escurecido; quem revela sua importância até mesmo na sua ausência); ao André Perecmanis (irmão, companheiro, conselheiro, analista, exemplo de profissional, inspiração, professor, parceiro e amigo; um cara especial, com brilho próprio; alguém que não faz idéia de seus elevados talentos e qualidades); ao Bolinha (garoto novo, de uma bondade impressionante, sujeito do bem, de coração enorme e bundão largo, histriônico - segundo o André - e de sinceridade marcante); ao Ueré (de quem sempre recebo um sorriso sincero e um abraço confortante ao chegar em casa); à Lúcia (mulher de garra, coração e tempero fenomenais); ao Fabinho (que sempre estará ligado por laços tenros à vida da minha família); ao Bebezão (que fugiu à regra por não ter sido marcado pelas primeiras impressões e é dono de uma perseverança invejável); à Nati (linda pequenininha, de uma candura impressionante e que o passar dos dias me traz ainda mais deslumbramento); à Orestes (boêmia por vocação e de quem os percalços da vida não foram suficientes para afastar a amizade); ao Dudu Elegância (de quem a presença é tão requisitada e saudosa); ao Juju (o Baiano tipo baixo da profanação, de quem a vida nunca realmente me separou e a saudade massacra o coração); ao Tio Carlinhos (padrinho amado, que não se rende às armadilhas da vida; aquele para quem ligo nos apertos saudosos; sobrevivente dos ataques ao amor eterno; austero com coração de menino; "amigo mais certo das horas incertas"); aos meus pais (a quem as homenagens são sempre, sempre muito ínfimas diante da grandiosidade e infinitude de nosso amor); aos meus tios e primos (a quem não dirijo minhas emoções nominalmente por não caberem nessas linhas tamanha admiração); enfim, a todos vocês meus queridos amigos-irmãos, presentes imensuráveis que a vida me deu, o meu mais puro e sincero amor e a minha gratidão por existirem e se fazerem presentes em meu caminho.

Todos nós perseguimos objetivos de vida e buscamos, incessantemente, a vitória. Os dias são batalhas renováveis a que nos dispomos lutar todas as manhãs. As realizações pessoal e profissional são postas como um norte que procuramos seguir. E assim seguem nossos dias, nessa busca eterna pela conquista. E não deveria ser diferente. Mas, saibam vocês, meus queridos amigos, que se a qualquer momento meu caminho fosse pelo destino interrompido, eu teria em mim a certeza de já ter conquistado o que há de mais valioso: a amizade de vocês.

A todos, o meu "muito obrigado" por, de alguma forma marcante, fazerem parte da minha vida.

Até a próxima.
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