A ERVA E A PUC


Saiu hoje no caderno Megazine do jornal O Globo que a PUC-Rio, a exemplo de sua homônima em São Paulo, vai passar a fotografar os alunos que consomem drogas em seu campus com o objetivo de reprimir tais hábitos.


Assim que pus os olhos na matéria, imaginei o cenário de revolta e indignação que, provavelmente, alguns ocupadíssimos alunos irão construir em razão da nova postura da universidade.

Mas isso não é o mais interessante. O curioso é a querida Pontifícia Universidade Católica do Rio só agora perceber que suas dependências, especialmente a vila dos Centros Acadêmicos, mais se assemelham aos famosos coffees shops de Amsterdã, bastante disputados pelos admiradores de um bolinho alucinógeno ou uma erva pura, orgânica, sem uso de agrotóxicos, que, provavelmente, prejudicaria a onda esfumaçada que inebria a "ligeira" mente dos amantes da plantinha.

Quem freqüenta a PUC sabe. Há momentos, principalmente de noite, em que atravessar a pitoresta "Vila" de um extremo a outro é suficiente para perceber a "marola" no ar e avermelhar os olhos dos transeuntes mais sensíveis.

Antes que eu seja mal interpretado, deixo logo claro que este artigo não é uma crítica aos usuários de drogas ou seus admiradores. Na verdade, desde que passei a me debruçar sobre os estudos e a prática do direito penal estou cada vez mais convencido de que a melhor solução para o problema é a legalização, com a devida regulamentação, do uso e da produção das drogas - o que, provavelmente, traria receitas para o poder público e não apenas despesas extraordinárias em uma guerra na qual não haverá vencedores.

Não há dúvidas que, nesse contexto, a universidade assume um papel importantíssimo nos debates sobre as medidas que seriam mais saudáveis para a sociedade. A produção intelectual e a colaboração dos alunos nesse tema é vital para que novas políticas públicas sejam adotadas, haja vista que o modelo que aí está não parece ser dos melhores.

Mas a atual conjuntura e a verdade não podem ser camufladas! O uso de drogas, na quantidade que for, ainda é considerado crime, muito embora não haja para essa conduta previsão de pena de prisão.

As críticas a essa situação podem ser das maiores. A questão, confesso, é complexa e muitas vezes patológica. Muito certamente a manutenção de figuras criminosas não é, nem de longe, a melhor maneira para se tratar do tema. Mas uma universidade séria, como se supõe ser a minha amada PUC, não pode fechar os olhos para os atos ilícitos cometidos dentro do seu campus.

Tomara que os "filhos da PUC" consigam enxergar além da fumaça e perceber que a universidade, além de lugar para protestos e livre manifestação de pensamento, deve também ser uma fonte de exemplos. Ser complacente com a ilegalidade não me parece ser uma forma interessante de ensinar seus alunos a fazerem valer suas idéias.

Tomara que a nova postura não seja só "para inglês ver" e sirva para incentivar debates interessantes.

Até a próxima.
3 Responses
  1. Unknown Says:

    Desde quando legalizando a maconha ia resolve alguma coisa??
    So ia dexa td mundo chapado... pq ia fica td muito explanado... sem nenhum respeito a quemnao fuma....e o que é pior..insentivar a pessoa a entra muito mais nesse mundo ridiculo....
    perdi um amigo meu por causa das drogas.... e ele começo na maconha
    eu acho q nao deve ser legalizado....mas que é um absurdo as pessoas fumarem na PUC..é sim...
    mas cada um é dono de sua vida...e tem o livre arbítrio de fazer o que quizer...

    bjo
    di ;)


  2. Diana, seja muito bem vinda à Tribuna!
    Faça daqui a sua casa e envie sempre seus comentários e opiniões.
    Sobre o que você escreveu, eu também não gosto de drogas (que isso fique muito claro).
    Acho que o governo deveria adotar cada vez mais políticas públicas para conscientizar as pessoas sobre os males das drogas e incentivá-las a não usarem.
    Mas, apesar dessa minha opinião pessoal, não se pode fechar os olhos pra realidade de hoje.
    Não estou absolutamente certo e convicto sobre a legalização. A verdade é que o modelo que tem de hoje não serve! Colocar os usuários na prisão é pior ainda.
    Hoje são gastos fortunas incalculáveis no combate a droga e não adianta rigorosamente nada. Só quem lucra são alguns políticos e setores de mercado (como o de indústrias bélicas).
    Claro que se fossem as drogas legalizadas, teria de haver uma regulamentação determinando explicitamente locais de uso, formas de venda, substâncias, etc, etc.
    O fato é que o poder público poderia recolher muita receita na tributação desses produtos e destinar boa parte dela, inclusive para tratamento e prevenção ao uso das drogas.
    Talvez fosse medida muito mais eficiente, até mesmo, para combater essas substâncias. Não acho mesmo que a consequência para a legalização seria a proliferação do uso. Nesses termos que falei, acho que o efeito poderia ser bem diferente.
    Beijão.


  3. Unknown Says:

    Finalmente concordo com você, acho absurdo esse pessoal que acha que show de reggae, praia e as Universidades são um pedaço da Jamaica no Brasil. E olha que nem sou tão careta assim... Vão se organizar, arrumar uns maconheiros influentes, promover a discussão do assunto. E fumar/ cheirar/ tomar/ sei lá mais o que nos quintais das suas casas.