A FÓRMULA INDY NO RIO E O PREFEITO PACÓVIO


No nosso último encontro, meus queridos leitores, falei-lhes, daqui desta TRIBUNA, sobre as presepadas cometidas pelo Delair Dumbrosck à frente da presidência do meu amado Clube de Regatas do Flamengo. Disse-lhes, nessa ocasião, que por mais desastrosos, imbecis e irresponsáveis que sejam os atos de administração cometidos pelo ilustre dirigente, pior seria se ele fosse prefeito da minha queridíssima cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Confesso que minha comparação, arrefecendo os efeitos das bestialidades do senhor Delair, foi meramente provocativa, uma vez que, para o caos, não precisaríamos da notória ineficiência do dirigente rubro-negro na gerência da cidade maravilhosa, pois já temos seu famoso colega de estupidez, o lamentável prefeito Eduardo Paes.

Eu poderia escrever até o limite da minha exaustão sobre os problemas do prefeito sorridente, simpático, cínico e trapalhão (para ser bem gentil), mas dessa vez vou me limitar a uma de suas últimas fortes investidas na área do esporte e do turismo: a realização de uma prova de Fórmula Indy.

Não tenho dúvidas de que ter um evento esportivo dessa magnitude no Rio de Janeiro é uma benesse, responsável por diversos ganhos na economia do município, com geração de inúmeras riquezas e postos de trabalho, sejam eles diretos ou indiretos. Entretanto, o prefeito é tão pacóvio (mais uma vez sendo gentil), que erra até mesmo quando tenta acertar.

Segundo anúncio feito por meio do Twitter do próprio Eduardo Paes, já foi decidido que o meu amado Rio de Janeiro será sede uma corrida da Fórmula Indy no mês de março de 2010, no Aterro do Flamengo. É exatamente aí que mora o problema, no local escolhido para a realização da prova.

De acordo com o prefeito canastrão, o Aterro do Flamengo é ideal para o evento em razão das belezas naturais em seu entorno e das imagens de cartão postal nas suas proximidades, tal como o Pão de Açúcar e a enseada de Botafogo.

É inegável que são inúmeras as maravilhas que cercam o lugar escolhido e que devem ser fortemente utilizadas para divulgação do Rio de Janeiro com o fim de atrair o saudável turismo que tanto enriquece e dignifica nossa cidade. Entretanto, isso não significa dizer que se o Rio tem, por exemplo belas praias e morros, os eventos internacionais tenham de ser feitos dentro ou em cima de uma dessas dádivas naturais!

Por quê não fazer a prova da Fórmula Indy no lugar próprio para esse tipo de evento, ou seja, em um autódromo? Já existe, no Rio de Janeiro, no bairro de Jacarepaguá, o Autódromo Nelson Piquet, abandonado pelo poder público e entregue às destruições provocadas pelo tempo.

O recebimento da famosa corrida automobilística internacional poderia ser um ótimo motivo (é incrível como os políticos sempre precisam de uma razão especial) para a revitalização e a melhoria do autódromo, o que contribuiria não só para a realização desse evento, mas para que tantos outros pudessem ter o circuito de Jacarepaguá como palco. Uma medida como essa poderia ter inúmeros bons resultados, uma vez que daria mais estrutura à cidade para outros espetáculos que atrairiam um numeroso público de pagantes e turistas.

Mas não. Com a mania de grandeza, típica de alguns indivíduos estapafúrdios - tal qual o jornalão carioca, que o próprio nome traduz o vírus da magnitude global - o prefeito pacóvio alega que o Rio irá "vai deixar Mônaco no chinelo", em uma clara comparação entre a cidade maravilhosa e o principado elitista.

Acontece que o Rio não é Mônaco! E nem deveria tentar se assemelhar! Nós não temos o trânsito de Mônaco, temos um número infinitamente maior de moradores (o principado tinha apenas 32.796 habitantes em julho de 2008, segundo informações do index mundi), complicações urbanas incomparáveis, uma realidade social absolutamente diferente e vias urbanas absolutamente mais caóticas.

Em matéria publicada recentemente no já citado - ainda que indiretamente - jornalão carioca, moradores da Praia do Flamengo manifestavam sua indignação com a decisão do prefeito sorridente. E não poderiam ter mais razão em fazê-lo! Imaginem vocês o barulho ensurdecedor, a multidão e a sujeira que tomarão conta das portas de entrada das residências dessas pessoas. Além disso, não podemos nos esquecer da devastação ambiental a que será submetido o Parque do Flamengo, que já é visível e frequentemente maltratado quando das maratonas e competições que usualmente ocorrem por lá.

Apesar dos motivos citados já parecerem - aos menos na minha humilde opinião - suficientes para que se perceba que essa é uma "idéia de Girico", há, ainda, aspectos técnicos que reforçam a tese de que o melhor lugar para a prova automobilística seria, de fato, o Autódromo Nelson Piquet. Segundo os próprios pilotos da Fórmula Indy, o aterro não é um local adequado para a competição, especialmente porque o asfalto e a inclinação da pista são absolutamente inapropriados para a realização do evento e não guardam qualquer relação devida com a segurança que requer uma prova esportiva dessa natureza.

Mas o que isso tudo interessa aos políticos? Absolutamente nada! Isso não é da conta deles! Que se dane o povo! O que eles querem é aparecer; e sorrir...

Até a próxima.
3 Responses
  1. O prefeito parece uma criança com um brinquedo novo. rs rs
    Obrigado pela visita lá no blog, e é claro que você pode citar meu texto!
    Abração!


  2. Obrigado Thiago! Tanto pela autorização quanto pela visita! Em uma das minhas próximas postagens apresentarei seu belo texto aos meus poucos leitores.
    Abraços.


  3. Unknown Says:

    Somos poucos (por enquanto), mas somos assíduos!!! rsrsrs

    Abção!