ARLETE, A BEATA DEFLORADA


Desde quando a mãe havia se divorciado de seu pai, Arlete estava inconformada. Como religiosa fervorosa, não admitia a hipótese da separação. Acreditava, pia e inocentemente, que os casamentos deveriam ser para sempre. Muito mais que uma união de corpos, seriam uma fusão de almas. "O que Deus uniu o homem não separa", pensava.

A distância do pai e a proximidade diuturna do padrasto fizeram com que ela mergulhasse cada vez mais na sua beatice já destacada. Vivia para a igreja, suas orações e para a dedicação a uma vida santa.

Seu maior conflito existencial era não suportar Jonas, o homem com quem sua mãe se casara. Detestava aquele homem. Toda vez que o via sentia-se na obrigação de se debruçar em orações, tamanho o ódio dentro dela despertado, tal qual um vulcão adormecido que acaba de entrar em erupção.

Embora travasse uma batalha consigo mesma na tentativa de "aprender" a amar fraternalmente Jonas, via-se sempre vencida por seus sentimentos mais cabulosos. O remorso era visceral. Chorava por ser dona de uma paixão tão maledicente. Paradoxalmente, tentava, de maneira involuntária, arrefecer sua culpa lembrando dos vícios e descalabros do padrasto.

As impressões da jovem eram, provavelmente, acertadas. Jonas chegava em casa todos os dias bêbado. Por vezes não sabia seu nome ou onde morava. Tinha de ser amparado por amigos de copo e carregado até sua residência. Ao chegar ao seu lar, sempre importunava a religiosa e bela enteada:

– Esse negócio de igreja, de Bíblia... a mim você não engana! Deve é estar dando pro pastor. Quer dizer, pro padre, né? Pro padre. Desculpe, eu tinha até esquecido que seu negócio é a batina. – dizia, jocosa e desrespeitosamente, Jonas.

Arlete não suportava mais aquela situação. Certa vez, inconformada com tanta humilhação, resolveu buscar socorro maternal, relatando a Esmeralda todos os absurdos a que o padrasto frequentemente a submetia.

A reação da mãe foi inesperada. Desferiu um tapa na face esquerda de Arlete e determinou, incisivamente, que nunca mais maldissesse seu marido daquela forma.

– Eu até entendo que você sofra com a minha separação do seu pai. Agora, inventar um absurdo, uma maldade dessa do Jonas, que tanto te ama, eu não vou tolerar! Não repita isso, nunca mais, entendeu bem?!

Sôfrega e desolada com o descaso e a falta de confiança de sua mãe, Arlete trancou-se no seu mundo. Só trajava vestidos negros, com véus igualmente escuros cobrindo a fronte. Agarrada a uma Bíblia, só saía de casa para suas orações e missas na igreja.

Certo dia, acreditando estar só, foi menos prudente e começou a trocar suas roupas com a porta do quarto entreaberta. Jonas, que acabara de chegar silenciosamente, não acreditava no que via. Despida de suas vestas negras, Arlete era um pecado em forma de mulher. Os cabelos ruivos deitavam-se sobre suas costas à mesma altura dos seios arrebitados como peras maduras. De perfil, revelava uma silhueta ainda mais provocante. O padrasto salivava ao observar as curvas que habitavam um aquele corpo jovem, intacto, a espera de ser deflorado. Os mamilos arrepiados e rosados apontando, obliquamente, para os céus, os olhos verdes, a bexiga nua e os glúteos firmes tiraram Jonas do sério.

Fora de si, abriu a porta com um safanão e se jogou sobre a enteada. Sem forças para se desvencilhar daquele homem musculoso, Arlete sentiu um membro rijo e pulsante invadir seu corpo, retirando-lhe a inocência tão cultivada.

Os dias que se passaram foram de lamentações. A jovem beata não conseguia sair de casa nem mesmo para ir à igreja. Tinha medo de contar o ocorrido para sua mãe e, novamente, ser esbofeteada. Já passara por muitos constrangimentos. Não precisava de mais esse.

Quando pensava no padrasto, sentia náuseas, nojo, enjôo e ódio. Também era tomada por um furor inexplicável, causado pelas memórias do dia em que fora deflorada. Ao mesmo tempo em que odiava, percebia seu corpo esquentar, seus mamilos se enrijecerem e uma explosão de umidade alagar seu sexo.

Todos os dias, às três da tarde, olhava com os olhos marejados a porta do seu quarto, sabendo que, em instantes, ali entraria Jonas, disposto a submetê-la aos seus desejos.

Certa vez, inesperadamente Esmeralda chegou à casa e se deparou com Jonas sobre sua filha. Transtornada, muniu-se de uma vassoura e desferiu vários golpes sobre a cabeça do marido, que caiu tonto. Aos socos e pontapés, pôs o homem seminu para fora de casa, determinando-lhe que nunca mais ali voltasse ou tocasse em sua filha.

Abraçada à filha, Esmeralda chorava e pedia seu perdão por nela não ter acreditado. Arlete, inexpressiva, pediu que a mãe a deixasse sozinha.

Quinze minutos depois, quando Jonas sentava em um bar para pedir a primeira cerveja e afogar as mágoas do que acabara de acontecer, seu celular estrilhou.

– Amanhã minha mãe vai ficar em casa, mas no dia seguinte, às três, vou estar sozinha, no quarto te esperando.

Era Arlete.

Até a próxima.
2 Responses
  1. Unknown Says:

    esta cada dia melhor!


  2. Unknown Says:

    Porra neguinho!!! nao tenho duvida do seu talento, nem tanto do seu destino, mas vc ta sinistro! rsrsrrs
    vamos publicar umas coisas, pra banca pelo ao menos, muita gente vai curtir!!!!
    Ps: Eu fiquei com tesao! rsrs
    Abraços!