TEOBALDO, LURDINHA, LEÔNCIO E O BBB


Leôncio não perdia um só dia de seu programa favorito, o Big Brother Brasil 10. Onde quer que estivesse parava tudo só para ir para a frente da TV assistir às tramas clichês daqueles indivíduos confinados em uma casa monitorada 24 horas por dia.

Até mesmo quando estava no hospital em que era médico plantonista, Leôncio pedia aos seus amigos que o "cobrissem" para que ele pudesse dispor do tempo necessário ao seu entretenimento sagrado em frente à telinha.

Quando estava em casa, o fanático telespectador não desviava a sua atenção nem mesmo quando sua esposa, a Lurdinha, uma bela ninfeta sensual com atributos inenarráveis, tentava provocá-lo vestida em trajes ínfimos.

— Já te falei pra não me atrapalhar nessa hora! Não tá vendo que tô assistindo o BBB? Olha lá, olha lá! O babaca do Dourado tá discutindo com o Dicesar! — bradou o marido inconformado com os desdobramentos da trama televisiva.

Lurdinha já não aguentava mais a falta de atenção do marido. Como se não bastasse passar a maior parte do tempo distante, nos plantões que o consumiam, quando estava em casa Teobaldo só prestava para assistir ao seu reality show e, depois, com ares de exausto, corria para os braços de Morfeu.

A carência, que aumentava a cada dia, fazia com que Lurdinha pensasse ainda mais em Teobaldo, o homem que deixava sua respiração ofegante mesmo quando passava por breves segundos em sua mente.

Em uma das tantas noites em que Leôncio se preparava para ver o Big Brother, Lurdinha ligou para Teobaldo e lhe disse rapidamente:

— Passe aqui em casa na hora que for começar o BBB, entendeu? Não faça perguntas! Apenas me espere do outro lado da rua e te explico tudo quando nos encontrarmos.

Teobaldo mal podia controlar sua excitação. Afinal, fazia algum tempo que não parava de pensar na Lurdinha e em seus loucos desejos de amor. Estava extasiado!

— Deve estar morrendo de saudades de mim! Quis bancar a durona, falou que não queria mais enganar o marido, que ele tava desconfiando, mas não se aguentou. Sabia que ela iria acabar me procurando. — pensava, arrebatado, Teobaldo.

No dia seguinte, lá estava o louco amante a espera de sua bela ninfeta. Ao se encontrarem, Lurdinha lhe explicou que o marido esquecia do mundo quando via o Big Brother e que apesar do programa durar pouco tempo, eles podiam aproveitar pra se ver naqueles momentos.

Teobaldo tentou argumentar. Disse que só passaria por lá nas edições mais longas do show televisivo. Que era muito pouco tempo, etc, etc. Mas, no fundo, a ideia lhe fazia bem. Afinal, era mais uma chance de sentir o cheiro, o gosto e a textura daquela ninfa enlouquecedora.

Algumas noites se passaram e os encontros se repetiam. Lurdinha já começava a ficar a ponto de explodir com aquela situação. Quando se encontrava com o amado tinha sensações indescritíveis, sentia cada milímetro do seu corpo se arrepiar. Ficava em um estado em que o mais leve sopro do vento já parecia tocar e despertar uma zona erógena do seu corpo. Chegar em casa, no entanto, era uma decepção. Encontrava Leôncio, pronto para dormir com seu pijama de bolinhas, tagarelando o tempo todo sobre o que acabara de assistir na TV.

Um dia, ao retornar ao lar, Lurdinha teve uma surpresa. Leôncio estava inquieto, ansioso pela chegada da esposa. Ao se deparar com ela logo indagou:

— Onde esteve?! Estou esperando por você há exatos cinco minutos e quarenta segundos!

— Estava levando a cadelinha pra passear, Léo. — respondeu, sem jeito, Lurdinha.

— Tudo bem, deixa isso pra lá. Hoje você vai ver só! Estou com a corda toda! — bradava Leôncio, orgulhoso, esfragando suas mãos uma na outra, como se prestes a devorar seu prato predileto.

— Vá lá preparar a minha gemada, meu bem. Do jeito que você sabe que eu gosto, porque hoje a noite vai ter!

Lurdinha tentou se animar com a novidade do marido. No fundo, queria poder estar ao lado de Teobaldo. Mas sabia que não era possível. Como se espantasse um pensamento ruim, a bela ninfeta sacudiu a cabeça e decidiu se entregar de corpo e alma ao esposo. Chegara a hora de extravasar todo o desejo guardado naquele belo corpo de curvas estonteantes. Estava pronta para ter uma noite de amor única com o homem com quem se casara.

Já no quarto, após beber efusivamente sua vitamina de ovos de codorna, Leôncio tratou de tirar as pantufas com rapidez e habilidade e se jogar forazmente sobre o corpo seminú de sua jovem mulher.

Sete minutos depois Leôncio respirava ofegante, tentando recuperar o fôlego. Com um semblante indisfarçavelmente orgulhoso, olhou para Lurdinha e indagou:

— Pode assumir, hoje eu estava demais, não estava? Não se acostume porque não é sempre que posso te dar uma noite como essa!

— Ah, tá. Pode deixar, sei como é, meu bem. — respondeu, inexpressiva e desolada.

Como se voltasse à realidade em um passe de mágicas, Lurdinha virou para o lado e, sem querer, voltou a pensar em Teobaldo:

— Ah, como seria bom se o Big Brother durasse muito, muito mais tempo...

Até a próxima.
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