Há poucos instantes assistia a uma interessantíssima entrevista com o escritor português José Luis Peixoto. Figura aparentemente excêntrica, rompe com os tradicionais estereótipos que normalmente habitam as imaginações quando se pensa na figura de um escritor.
Na mesma proporção de sua excentricidade é também visível a sua sensibilidade e a forma simples, porém belíssima, de fazer poemas absolutamente maravilhosos.
Eu não consegui deixar de compartilhar com vocês, meus queridos leitores, o texto que a seguir transcrevo. Impressionou-me a sutileza e a genialidade com que, de forma marcante, o literato fala do amor da família. Identifiquei-me com o poema, que não tem título e foi extraído da obra "A criança em ruínas".
na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viuva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
Até a próxima.
Uma grande amiga me falou desse escritor hoje! Eu estou apaixonado por esse texto!
Abração!