"Tomar decisões cruciais para a própria vida é como se equilibrar sobre uma tênue linha entre o duvidoso e o errado. O certo quase nunca é desenhado em grossos contornos para que possamos, de início, visualizar que caminho deve ser seguido.
Em regra, só concluímos se nos decidimos corretamente após passado algum tempo da decisão tomada. Nesse momento, temos sempre alguma sorte de ensinamento. Aula que preferiria não ter de assistir. Conhecimento que traz temores sobre seu teor.
Se percebermos que a decisão tomada foi a correta, há um sentimento de acerto, de objetivo alcançado, de sucesso. Se errada for, ao contrário, temos, ao menos, uma leve sensação de derrota, mas a melhor sabedoria nos ensina que o mais importante é fazer desse erro um grande aprendizado.
A teoria sobre nos decidirmos parece estar completamente correta. Mas, ainda assim, há um medo enorme a cada momento que uma decisão crucial repousa desafiante sobre os nossos caminhos.
Desvincular-se de algo ou de alguém é infinitamente mais difícil do que vincular-se, independente do tamanho do esforço feito para que o vínculo se realizasse.
Ver um brilho que traduz um misto de tristeza e saudosismo no olhar de quem é deixado nos submete a sentimentos paradoxais e diametralmente opostos: nos invade uma espécie de orgulho por obtermos um reconhecimento positivo, e, ao mesmo tempo, somos acometidos por sensações pesarosas em razão de havermos deixado para trás alguém que sinceramente nos valoriza.
E como é difícil ter o devido valor para alguém nestes tempos modernos tão efêmeros!
Ter as rédeas das nossas próprias vidas é a tradução da liberdade mais desejada por nós e, ao mesmo tempo, uma das vicissitudes que mais nos assusta. Por vezes tendemos a desejar que alguém decida por nós, que os resultados sejam postos nas nossas vidas. Assim, se forem exitosos, comemoramos do mesmo jeito, mas, se, de outro modo, forem lamentáveis, carregamos um peso a menos por entendermos que não nos foi dada a possibilidade de decidir.
Passada a angústia sobre o que fazer, só nos resta torcer... torcer para que a decisão tomada seja a mais correta, honesta e saudável. Torcer para que, diante do erro, ainda possamos levantar a cabeça, aprender as lições ensinadas e ainda termos tempo de consertar o que haja saído errado. Torcer para que nas próximas vezes os resultados sejam sempre melhores.
Bem interessante, Drumond...
Sinto falta de nossas saídas e discussões...
Abs.
Obrigado meu querido! Um elogio seu tem valor maximizado!
Também sinto falta. Vamos marcar qualquer dia desses.
Abs.
Muito bom o textinho.Posso comentar?? Heheh
Acho que tomar decisões é angustiante, porque sempre vai implicar uma perda, uma morte. É bem difícil sermos autores de nossos próprios desejos. Mas a vida está sempre exigindo que façamos escolhas. O que nos resta é ter sabedoria para escolher o que nos trará menos prejuízo. Mas infelizmente nem sempre fazemos escolhas saudáveis..perceber que tomamos uma decisão “errada” é tão frustrante, gera uma angustia tão grande, um sentimento de decepção com nos mesmos por termos negado nossos valores, percepções, experiências e intuições para ouvir apenas o que estava fora de nos. A raiva pode nos visitar intensamente nesses momentos, pois com o tempo percebemos como aquela decisão nos prejudicou, nos fez mal. Mas o que nos resta é fazer uso disso quando estivermos diante de outra decisão.
Não acho que desvincular-se seja sempre mais difícil para todas as pessoas. Alguns possuem uma estrutura que os permite manipular as situações a seu favor com seus discursos vazios e conseguem descartar o outro com facilidade se assim o favorece. As decisões acabam refletindo o caráter. Mas não me alongarei aqui com terias psicológicas.
No geral, acho que o mais difícil é reconhecer o valor de ser valorizado pelo outro. Talvez pela impossibilidade de olhar através dos olhos do outro..mas ainda..por nunca ao menos tentarmos sermos por ele interpelados.. permanecendo mergulhados em um egoísmo narcísico de nossas magníficas vidas.
Grande beijo